Dia após
dia temos visto como a autoridade da bíblia tem perdido espaço em
nossas igrejas. O princípio da reforma Sola
Scritpturai
perdeu espaço para a
psicologia, psicanálise, administração de empresas, publicidade,
etc. Na educação das crianças, por exemplo, é mais comum ver os
pais procurando a solução na psicologia e quando nada mais da
certo, a Bíblia é consultada. Quando os negócios vão mal, os
crentes primeiro procuram solução na administração, no marketing
e quando nada mais da certo, a Bíblia é lembrada. Esta prática,
tão comum em nossos dias, fere um conselho muito conhecido de Jesus,
que nos ensina a buscar “... primeiro
lugar o Reino de Deus e a sua justiça”.
Acredito
que desprezar o conhecimento acadêmico, seja ele qual for, é
desprezar o conhecimento que Deus nos deu ao longo das gerações, se
hoje podemos medicar uma série de doenças, criar próteses, lançar
uma sonda espacial para perscrutarii
o espaço; tudo isto é um presente de Deus para a humanidade. Todos
os avanços da ciência não podem ser superados e nem sequer
comparados à Palavra de Deus, especialmente quando o assunto é fé
cristã, não pode haver outra autoridade além das Escrituras. O
próprio Jesus, mesmo sendo Deus, por várias vezes citou as
escrituras; como exemplo, posso citar Mateus 10:17 quando um homem
pergunta o que deve fazer para herdar a vida eterna e a resposta de
Jesus foi “você conhece os
mandamentos” (afirmando a
autoridade do Antigo Testamento)
O apóstolo
João, em sua primeira epístola, afirma que não nos escreveu “um
mandamento novo, mas um mandamento antigo, que vocês têm desde o
princípio [a saber]
: a mensagem que ouviram.”
–grifo do autor (1 João 2:7 - NVIiii).
O apóstolo João possuía autoridade para escrever algo que ele
estivesse sentindo ou mesmo uma mensagem nova que eventualmente
pudesse receber de Deus, no entanto ele apenas reafirmou a
suficiência das palavras de Jesus. Enfim, podemos compartilhar
vários outros exemplos da autoridade da bíblia em matéria de fé e
prática cristã, mas acredito que para este artigo temos o
suficiente.
O
surgimento da igreja pentecostal (talvez possa datar em 1950 quando
houve a “explosão” do movimento no Brasil) chamou à atenção
de todos os crentes quanto à contemporaneidade dos dons do Espírito
Santo na igreja. A principal marca da igreja pentecostal está no
“falar em línguas” que podemos definir em poucas palavras como
uma visitação pessoal do Espírito Santo, de modo que a pessoa se
sente numa espécie de êxtase de fonte espiritual e que também se
manifesta com orações em palavras que não são encontradas em
nenhum idioma. A abertura para estas manifestações do Espírito
Santo agregou novos valores ao culto público e acrescentou à vida
cristã o elemento da experiência. Apesar das pesadas críticas que
os pentecostais já receberam de cristãos conservadores, acredito
que seja válido a abertura para a manifestação pessoal dos dons
espirituais na igreja do século XXI.
Este foco
na experiência deve ser observado e pratica com muita cautela. Se
compararmos com o meio acadêmico, a experiência é apenas um
complemento da teoria já adquirida em salas de aula, com pesquisas,
seminários etc. No mercado não se faz um profissional apenas com
experiência, pois o conhecimento precede a experiência. Na
liderança cristã o conhecimento teológico não deve ser
desprezado, pelo contrário deve ser valorizado e incentivado a todos
os cristãos. A própria bíblia nos chama a atenção para conhecer
a palavra de Deus: Mateus 22:29 – “Errais,
não conhecendo as Escrituras”; Oséias
4:6 – “Meu povo foi destruído
por falta de conhecimento”; Deuteronômio
6 :6,7 – “E estas palavras,
que hoje te ordeno (...)E as ensinarás a teus filhos e delas falará”
A igreja deve ter a Bíblia como
única regra de fé e prática, se a Bíblia é a Palavra de Deus, se
a Bíblia é a Voz de Deus no meio do povo, ela deve ser colocada no
mais alto grau de importância na igreja.
A grande
ênfase na experiência pessoal tem seu valor na igreja (me perdoem
os irmão conservadores), no entanto não pode nem por um instante se
equiparar com a autoridade da Bíblia, em outras palavras nossa
experiência de fé não é nada comparado com a Bíblia. E aqui faço
minha crítica às revelações e profecias que tanto vejo em nossas
igrejas. Quantas pessoas vivem dia após dia pregando, profetizando e
ensinando a partir da própria experiência e sem nenhum amparo
bíblico? Quando isto acontece a Bíblia perde seu papel elementar no
ensino da igreja, e algum profeta (especialmente o que faz
revelações) começa a ensinar a igreja, exortar, e propor doutrinas
que não estão na bíblia e sim na sua própria “experiência com
Deus”.
Quando a
bíblia colocada em segundo plano, estamos dizendo que toda a
revelação já deixada por Deus em Sua Palavra não é tão
importante quanto à revelação que o “irmão profeta” está
profetizando dentro da igreja. Outro argumento contra o estudo
sistemático da Bíblia é que a teologia é doutrina de homens, e
precisamos mesmo é da voz e da presença de Deus. Ora, se a teologia
é inútil, então a Bíblia (que é o motivo da teologia) também é.
Não estou
sugerindo que os irmãos sejam radicalmente contra estas
manifestações proféticas e reveladoras dentro da igreja, apenas
quero chamar atenção para que tudo o que acontece no culto seja
exaustivamente verificado nas Escrituras Sagradas, de modo que toda
doutrina e revelação venha primeiro da Bíblia, e todos os outros
ensinos e práticas estejam em pleno acordo com o ensino das
Escrituras.
i
Sola scriptura é latim e significa "somente a Escritura";
é um princípio da reforma protestante, que em última análise
significa que as Escrituras (bíblia) são a única autoridade de fé
e prática do cristão.
ii
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: Perscrutar: 1. Examinar
minuciosamente, com toda a atenção; 2. Investigar; 3. Sondar,
estudar; 4. Penetrar.
iii
NVI – Nova Versão Internacional, Sociedade Bíblia Internacional.
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