Seja padre, pastor,
rabino, etc. Todos têm uma história para contar de um sermão de
casamento longo em que o sacerdote em questão se esqueceu de
concluir e falou por horas inteiras, ou teve um discurso fora do
contexto casamento.
Resolvi escrever este
artigo após ser elogiado por um casamento que celebrei recentemente.
Normalmente não dou atenção a elogios deste tipo, porque o elogio
pode ser apenas por educação, ou mesmo algum familiar do noivo
tentando te convencer a celebrar um casamento que outro negou
fazê-lo.
Porem recebi o elogio
porque era uma pessoa já idosa, e disse que meu sermão foi
“adequado, profundo e rápido”. Não é todo dia que se houve que
sua mensagem foi profunda, mas o que realmente me chamou a atenção
foi a palavra “rápido”.
Realmente meu sermão foi
rápido, nunca dediquei mais que 20 minutos num sermão de casamento.
Os noivos estão de pé horas antes da cerimônia; a cerimônia em si
já é grande, além disso, os verdadeiros interessados nas minhas
palavras (os noivos) estão tão ansiosos e preocupados com a
cerimônia como um todo que não conseguirão dedicar a devida
atenção ao sermão. E por último, a principal personagem do
casamento é a noiva, não o pastor (ou padre). Por isto sempre tenho
uma postura moderada em cerimônias de casamento.
Comecei então a lembrar
de algumas posturas inadequadas de colegas (padres ou pastores) em
casamentos. Falarei aqui de casamentos em que estive presente.
O campeão de todos, para
mim, foi um sermão em que o pastor começou a ensinar como se faz
para encontrar uma boa esposa e quais atitudes o rapaz deveria
procurar na moça antes de pedi-la em casamento. Ora, os noivos já
estavam casados legalmente (no cartório) 3 dias antes. Se o noivo
escolheu mal, agora é tarde.
Houve outro casamento em
que o Padre disse que vida de casado era muito difícil, não é todo
mundo que consegue permanecer casado, mas Deus cobra de cada um de
nós um sacrifício e eles deveriam aceitar isto. Que discurso
estranho, na cerimônia do casamento, ao invés de simplesmente
abençoar, meu colega estava desanimando os noivos.
Outro colega pastor,
entusiasta da teologia da prosperidade, trouxe uma mensagem de
casamento, em que pensei que ele iria receber dízimos e ofertas dos
convidados na cerimônia.
O erro mais frequente que
encontro em casamento é quando o ministro em questão prepara seu
sermão apenas para um dos noivos, e se esquece de que no casamento
são duas pessoas envolvidas. Me lembro de um casamento em que o Pai
do noivo estava celebrando (o que acho inadequado), ele direcionou
todo o sermão à noiva dizendo que ela deveria tolerar e amar o
marido, ser submissa, suportar os dias difíceis, compreendê-lo,
etc. Enfim, a impressão que tive, foi que o noivo era a
personificação da perfeição (praticamente Jesus encarnado) e
somente a noiva tinha defeitos e obrigações a cumprir com o marido.
O casamento é um momento
ímpar para o casal. São dias em que eles aceitaram deixar a
segurança da casa dos pais e agora vão seguir suas vidas juntos.
Pode não parecer no ato do casamento, mas a vida de ambos nunca mais
será a mesma. Não estou negando que dias difíceis chegarão, mas
no dia da cerimônia cabe ao ministro do casamento religioso
abençoar, e dizer aos noivos que eles devem se amar mutuamente,
assim como Deus os ama. O casamento é uma festa de celebração, e
certamente os noivos ficarão muito felizes se ouvirem palavras que
estejam de acordo com o casamento e cerimonia mais propriamente dita.